quarta-feira, 25 de maio de 2011

Meio ambiente - Dispara o desmatamento no Mato Grosso em abril


Dispara o desmatamento no Mato Grosso em abril

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou nesta quarta-feira (18), em Brasília, os dados do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter) para a Amazônia Legal. Os números referentes a março e abril de 2011 demonstraram significativo aumento do desmatamento no período, passando de 103,5 km² em 2010 para 593 km² este ano. Um pico surpreendente foi constatado no Mato Grosso – 43% a mais de degradação.

O estado liderou o corte raso de vegetação nos dois meses levantados. Em março, o desmate em território mato-grossense foi da ordem de 74,7 km². Só em abril, esse montante multiplicou-se, somando impressionantes 405,5 km². Do acumulado nos dois meses na região (593 km²), 480,3 km² foram detectados somente no estado, o que equivale a 80% do total.

No período de agosto de 2010 a abril de 2011, constatou-se um aumento de 26% nas áreas passíveis de monitoramento, por conta da cobertura de nuvens. No Mato Grosso, que pôde ter sua cobertura total analisada, o crescimento foi de 47%, com 733 km² de desmate verificados.

Do total detectado na Amazônia, 59,1% se refere a corte raso, ou seja, remoção total de área de floresta, e 36,7% representam floresta degradada alta. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi cautelosa ao dizer que ainda não se tem relação concreta de causa e feito.

“É um fenômeno ainda não identificado, que demonstra concentração no Mato Grosso. As constatações mais alarmantes são o uso de ‘correntão’, desmatamento acima de mil hectares e a inclusão de novas áreas. Mas estamos analisando cada caso”, garantiu.

Segundo ela, estão proibidas autorizações legais de desmate na Amazônia até que se chegue a uma conclusão sobre essa situação “atípica”. O Ibama também está massivamente mobilizado. Mais de 500 homens estão em campo para fiscalização, além de 125 técnicos estaduais.

Uma boa notícia é que não houve aumento de desmate em unidades de conservação. De acordo com Márcio Astrini, coordenador da Campanha de Florestas do Greenpeace, isto é um reflexo da discussão do Código Florestal: “O impasse ainda não resolvido em torno das áreas consolidadas faz com que ocorram novos desmatamentos em grande escala e em áreas privadas. A proposta do Aldo Rebelo (PCdoB-SP) traz consigo a anistia. Quando se passa o recado que os crimes ambientais não serão punidos, se incentiva a prática”.

Izabella Teixeira não quis atribuir a causa ao debate que está na Câmara dos Deputados. Nilo D’Ávila, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, disse a ela na saída: “Você fez seu papel, não pode dizer que a culpa é do Aldo, mas eu posso, viu!”




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