quarta-feira, 14 de abril de 2010

Artes - Música


Roberto Carlos continua a influenciar o rock brasileiro
Roqueiro, MPB, baladeiro romântico. Roberto Carlos é tudo isso e muito mais. É o tipo do artista que transcende rótulos e tornou-se ele mesmo um estilo. Neste meio século ele contribuiu muito para o rock brasileiro, inclusive dando-lhe influências de outros ritmos.


• Como Roberto Carlos conquistou sua 'majestade'É sempre bom lembrar que não existe cultura fechada, e gêneros musicais, especialmente o pop, não são compartimentos estanques. A própria formação musical de Roberto Carlos demonstra isso muito bem. Sua primeira aparição no rádio, ainda em sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim (ES), foi cantando um bolero, "Amor, Amor, Amor", de Gabriel Ruiz.

Com o estouro mundial do rock em 1956-7, Roberto tornou-se grande fã do estilo e sua primeira aparição na TV, já morando no Rio de Janeiro, foi detonando "Tutti Frutti", de Little Richard no arranjo de Elvis, de quem Roberto foi devoto até 1959, trocando-o pela bossa nova quando João Gilberto tomou conta das paradas.

No ano seguinte Roberto voltou ao rock - mas não abandonou o que já cantava. Seu primeiro LP, "Louco Por Você", lançado em 1961, é um interessante apanhado da música jovem de então, incluindo ritmos como bolero, cha-cha-chá, rock-balada, bossa nova e foxtrote.

Embora firmando-se para o grande público como artista de rock, nunca foi exclusivamente roqueiro; nunca deixou de compor, sozinho ou com Erasmo Carlos ou outros parceiros, obras em ritmos diversos como samba, foxtrote ou bolero, gravadas por ele próprio ou não, ou mesmo de interpretar obras não-roqueiras de outros autores, como "Madrasta", de Renato Teixeira, "Amélia", de Ataulfo e Mário Lago, "El Dia Que Me Quieras" de Carlos Gardel. Mesmo compondo e gravando sambas e foxtrotes, Roberto Carlos interpretou rock o suficiente para se tornar o mais influente intérprete do pop-rock à brasileira.

Um dos raros acertos do pesquisador e sensacionalista Albert Goldman foi dizer que Tom Jobim foi o único artista de influência mundial comparável a John Lennon nos anos 60; daí muitas gravações de Roberto desde então terem marcação rítmica muito semelhante ao samba, embora com sotaque roqueiro ("Quero Que Vá Tudo Pro Inferno", "Como É Bom Saber", "Escreva Uma Carta, Meu Amor"), com resultados semelhantes aos que, por exemplo, o grupo The Byrds, colega de gravadora de Roberto na matriz dos EUA, chegaria, praticamente ao mesmo tempo, mesclando o folk-rock à batida da bossa nova em gravações como "Turn! Turn! Turn!".

Mesmo em interpretações mais frenéticas, Roberto sempre manteve uma dolência interiorana que se assemelha a roqueiros de formação caipira como Roy Orbison e sempre o aproximou da música sertaneja.

Como lembra o cantor e apresentador de TV Ronnie Von, "jovem guarda" foi apenas nome de um programa de TV, o estilo musical associado a ele é "iê-iê-iê" - equivalente brasileiro do "yé-yé" europeu e da beatlemania, ou seja, pop-rock simples, direto, extremamente cantarolável, dançável e comercial.

"Jovem guarda" é também o rótulo para este tipo de música e a cultura criada a seu redor, incluindo gírias, roupas, objetos de consumo (lancheiras, roupas, bonecos) e arte de massa multimeios: discos, livros (um bom exemplo é a coleção de quatro volumes "Roberto Carlos Em Prosa e Verso", lançada em 1967), filmes, álbuns de figurinhas, histórias em quadrinhos, filmes, programas de rádio e TV... 

Autor: Ayrton Mugnaini Jr.    Fonte: Portal Yahoo Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário