quinta-feira, 4 de março de 2010

Saúde - casos de dengue em São Paulo



Quase um terço das cidades paulistas registra casos de dengue

Secretaria forneceu dados incorretos na versão inicial desta reportagem.
Quase um terço dos municípios paulistas já registrou ocorrências de dengue neste ano. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, das 645 cidades paulistas, 199 já tiveram casos da doença.

Ao longo das nove primeiras semanas de 2010 (1 de janeiro a 24 de fevereiro), são 7.594 casos no estado. No mesmo período de 2007, ano considerado crítico para a doença, foram 19.242 casos. Naquele ano, houve registro de 90.335 doentes nas cidades paulistas. As 7.594 ocorrências foram verificadas em 199 dos 645 municípios paulistas.

Duas mortes causadas pela dengue hemorrágica, forma grave da doença, já foram registradas no estado em 2010. O primeiro caso ocorreu em janeiro, em Mirassolândia. A outra foi confirmada em fevereiro, em São José do Rio Preto.

Em relação ao mesmo período de 2008, o número atual de casos é 31 vezes o dado. O número acumulado em dois meses deste ano já representa 84% dos 8.996 casos de 2009.

De acordo com o infectologista e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Marcos Boulos, o crescimento dos casos preocupa. “A dengue, certamente, vem mais forte este ano do que nos anos anteriores”, diz.

Ele afirma que a doença, trasmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, apresenta um comportamento cíclico, mas que outras variáveis podem estar influindo no alto número de registros neste ano. “Claramente, a cada três ou quatro anos há um aumento do número de casos da doença”, afirma. “Mas como estamos tendo um ano com comportamento pluviométrico atípico - com mais chuvas e condições para o desenvolvimento do Aedes aegypti – os casos estão relacionados com isso.”

De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde, os locais com o maior número de registros de dengue no estado e que mais preocupam são as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Baixada Santista.

Em São José do Rio Preto, município que lidera o ranking da dengue em São Paulo, foram confirmados 2.366 casos até o final de fevereiro. Ribeirão Preto teve no mesmo período 951 confirmações e Araçatuba, 649. Apenas as três cidades representam 52% do total de ocorrências do estado.

Clima
De acordo com o diretor da FMUSP, outro aspecto que preocupa neste ano é a volta da circulação do sorotipo DEN 1 do vírus, que não era predominante nos outros anos. “Provavelmente esse sorotipo já estava circulando nos outros anos, não é de todo estranho ele aparecer agora”, diz. “O que acontece é que agora as pessoas ficam mais suscetíveis à forma hemorrágica da doença.”

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Saúde informou não ter como prever o comportamento epidemiológico dos casos de dengue neste ano. Sobre o crescimento das ocorrências em relação aos anos anteriores, a pasta afirma que uma das razões pela qual é impossível fazer qualquer previsão sobre o número de casos é que as condições climáticas deste ano são diferentes.

Ainda de acordo com a secretaria, normalmente os casos de dengue apresentam maior incidência entre março e abril. Neste ano, o pico das ocorrências chegou mais cedo.

Brasil
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 108,64 mil casos de dengue foram registrados no país, entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro. O número significa um crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram detectados 51,87 mil casos no país.

Cinco estados concentram "alta incidência" de registros da doença, com 77,11 mil notificações registradas, ou seja, 71% das detecções. São eles: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Acre.

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