Dinheiro alimenta interesses para "Garota de Programa"
SÃO PAULO (Reuters) - O título, "Confissões de uma Garota de Programa", e a presença da badalada atriz de pornôs hardcore Sasha Grey podem levar a uma expectativa errônea em relação a esse filme ousado que, acima de tudo, aborda aquela máxima muito bem cantada no musical "Cabaret" - dinheiro é o que faz o mundo girar.
Não há cenas de sexo, mas há algo muito mais polêmico: pessoas comprando - ou acreditando que o fazem - outras pessoas. Dirigido por Steven Soderbergh - que em sua carreira transita entre o cinemão, como a série "Onze Homens e um Segredo" e o mundo indie, como seu díptico sobre Che Guevara, ou o muito bom e pouco visto "Bubble" - "Confissões de uma Garota de Programa" segue alguns dias na vida de uma acompanhante de luxo em Manhattan, às vezes chamada de Chelsea, outras de Christine, mas talvez nenhum desses seja seu verdadeiro nome.
Um casal janta, vai ao cinema, passa a noite junto. Aparentemente, são namorados. Seria apenas um casal qualquer, não fosse o fato de que, na manhã seguinte, antes de ir embora, a moça recebe um envelope gordo com seu pagamento.
Alfred Hitchcock
Se hoje os filmes recheados de mistério e enigmas fazem sucesso nas bilheterias, tenha certeza que a influência do cineasta neste fato é indiscutível.
Em 13 de agosto 1899, há exatos 110 anos, nascia um dos maiores ícones que o cinema já conheceu. Sir Alfred Joseph Hitchcock, ou simplesmente o "Mestre do Suspense", como o próprio se autodenominava. O apelido não era só um slogan para atrair atenção, mas também fez jus ao estilo de cinema criado por esse genial diretor, de personalidade forte, domínio de técnicas e, claro, muita criatividade.
Muitos podem indagar ao ouvir seu nome, Hitchcock não ficou marcado na história pela pessoa que era, e sim por clássicos que deixou entre os seus quase 70 filmes produzidos ao longo da carreira.
Mesmo para quem não é fã das escuras salas de cinema, com certeza já viu esta cena memorável: uma mulher tomando banho, uma mão segurando a faca, suspense, a mão misteriosa abre as cortinas do chuveiro, a mulher grita, o sangue escorre pelo ralo. Tudo isso ao som de um dos temas que mais marcaram na história do cinema.
A cena, interpretada por Janet Leigh, é o marco de "Psicose", filme de 1960, que consagrou seu idealizador como um mestre do gênero. Até hoje essa sequência é lembrada e recriada, em forma de paródia ou como uma singela homenagem, pelo cinema contemporâneo. O estilo "claustrofóbico" criado por Hitchcock mantém sua influência e, sem muito procurar, é possível descobrir uma série de vestígios da sua arte no que temos de mais atual na produção cinematográfica.
A imagem do homem encorpado, sempre bem vestido e que, por vezes trazia um corvo posado em seu ombro, virou lenda ao longo dos anos. Era o retrato de um gênio que adorava tirar o fôlego de seu público.
Sem os litros de sangue que os filmes de horror normalmente apresentam em sua composição, o "Mestre do Suspense" trazia uma trama que prendia o espectador dentro de um clima incômodo e tenso, com os cenários sombrios e a música forte, que só mesmo o cineasta conseguia reproduzir. O segredo era deixar o público avisado de todos os perigos que o personagem iria passar. Aos poucos, a platéia acompanhava, ansiosamente, o desdobramento da história.
Os roteiros assinados por Hitchcock, aliás, eram por si só nada convencionais. Uma pacata cidade atacada por pássaros violentos em "Os Pássaros", de 1963; uma secretária se esconde em um hotel onde ocorre uma série de mistérios em "Psicose", de 1960; um policial que sofre de acrofobia é encarregado de vigiar uma jovem com tendências suicidas em "Um Corpo que Cai", de 1958; fatos estranhos acontecem em frente da janela de um fotógrafo engessado em "Janela Indiscreta", de 1954; marido planeja a morte de sua mulher para herdar fortuna e vingar-se de uma antiga traição em "Disque M para Matar", de 1954.
Isso só para citar alguns exemplos do vasto universo do cineasta. Outra característica bem "hitckcockiana" em suas produções foram as famosas "pontinhas" do diretor em suas obras, o que, mais tarde, se tornou um verdadeiro passatempo para seus fãs, que analisavam meticulosamente cada cena de seus filmes, a procura das participações do ídolo.
Vitimado por insuficiência renal, Hitchcock faleceu em 29 de Abril de 1980. Os frutos deixados por seu trabalho permanecem ativos nas mãos de grandes diretores contemporâneos, que não se cansam de homenagear o mestre.
A linguagem inconfundível de Hitchcock, hoje, pode ser vista presentes em produções de diretores como George Romero, Quentin Tarantino e M. Night Shyamalan. Cineastas que normalmente abordam histórias com muito mistério em sua fórmula. Shyamalan, por exemplo, faz uso constante da técnica de prender o espectador dentro de um suspense, que aos poucos vai se revelando, enquanto a trama se desenvolve, como fez em "O Sexto Sentido".
Uma forma mais refinada de fazer cinema também pode ser encontrada, ainda que de forma menos direta, nos trabalhos de Francis Ford Coppola, Mel Brooks e Brian De Palma, só para citar alguns entre tantos outros profissionais.
Para se ter idéia de sua importância, é possível encontrar vestígios de Hitchcock até em histórias em quadrinhos. A Turma da Mônica, aqui do Brasil, também foi "vítima" da influência do "Mestre do Suspense". O personagem Bidu, um simpático cachorro da publicação, chegou a interpretar alguns personagens famosos dos filmes de Hitchcock em tirinhas de Mauricio de Souza.
Confira abaixo mais curiosidades:
O primeiro emprego
Sua paixão pelo cinema começou cedo, aos 21 anos. Nascido em Leytonstone, Londres, Hitchcock teve seus primeiros contatos com o universo da sétima arte quando fazia os cartazes das falas em filmes mudos daquela época. Isso ocorreu no seu primeiro emprego na área, já na Paramount Pictures, grande estúdio de Hollywood.